Manuscrito da Universidade Galileu exposto como falso

O manuscrito de uma universidade americana revelou que um dos seus maiores tesouros, um manuscrito Galileu do início do século XVII, é provavelmente a obra de um notório falsificador italiano.

Manuscrito da Universidade Galileu exposto como falso
O manuscrito é considerado por Tobia Nicotra como sendo uma falsificação.

Uma universidade americana revelou que um dos seus maiores tesouros, um manuscrito Galileu do início do século XVII, é provavelmente a obra de um notório falsificador italiano.

Durante quase um século, acreditava-se que o documento de uma página tinha sido escrito por Galileu Galilei, o célebre astrónomo, físico e engenheiro italiano, e continha as suas observações das luas de Júpiter a partir de 1610. Incluía o rascunho de uma carta assinada pelo cientista e o fundo apresentava esboços que traçavam os movimentos das luas do planeta.

A Biblioteca da Universidade de Michigan considerou-a uma das suas jóias, mas aceitou agora que é provavelmente uma falsificação na sequência de uma investigação de Nick Wilding, historiador da Universidade do Estado da Geórgia. Wilding é um perito em falsificações e descobriu anteriormente outras imitações do trabalho de Galileu. Ele desconfiou do manuscrito de Michigan após examinar uma imagem em linha do mesmo em Maio e descobrir que a tinta utilizada para as partes superior e inferior parecia semelhante, embora se dissesse que tinham sido escritas com meses de intervalo.

"É uma coisa estranha", disse Wilding ao The New York Times. "Trata-se, supostamente, de dois documentos diferentes que estão numa só folha de papel. Porque é que tudo é exactamente da mesma cor castanha"?

Mais investigação fez soar mais alarmes. Wilding não encontrou vestígios do manuscrito nos arquivos italianos e este apareceu pela primeira vez em leilão em 1934. O documento foi comprado por Tracy McGregor, um homem de negócios de Detroit, que o legou à universidade em 1938.

O catálogo do leilão dizia que o manuscrito tinha sido autenticado por um arcebispo de Pisa, que faleceu em 1931. Wilding descobriu que o arcebispo tinha recebido dois outros documentos supostamente relacionados com o Galileu pelo famoso falsificador do século XX Tobia Nicotra. "Assim que ouvi a palavra 'Nicotra', fiquei com o pequeno 'Sentido de Aranha'", disse Wilding.

Ele enviou um e-mail à biblioteca pedindo uma imagem da marca de água, que quando fornecida oferecia provas de que o manuscrito era falso. Nenhum outro documento com essa marca de água apareceu antes de 1770. Era altamente improvável que tal documento pudesse ter entrado na posse de Galileu mais de 150 anos antes.

"Foi bastante arrebatador quando soubemos que o nosso Galileu não era realmente um Galileu", disse Donna L Hayward, a reitora interina das bibliotecas da universidade, ao The New York Times.